Anjo sensual

Noite. A mulher sai da casa e deita-se na cadeira que está à beira da piscina. Veste um short branco e curto que deixa à mostra pernas bronzeadas. Na parte de cima, uma camiseta, também branca, justa, modelando os seios de contornos juvenis.
Admira o céu iluminado pela lua cheia. Seu olhar se fixa naquele milagre prateado. Na face um semblante sereno, uma paz contagiante. Devagar abaixa o olhar, que percorrem toda a piscina, com suas águas em calmo movimento refletindo, em flashes de luzes, o firmamento que veste o seu pequeno e valioso mundo.
Levanta-se sem pressa e caminha até a borda; olha a água, cerra as pálpebras e se deixa cair. O silêncio da noite é quebrado pelo barulho do corpo de encontro à água. Nada de um lado a outro, com suavidade e determinação. Depois de alguns minutos pára ao lado da escada. Aguarda a respiração voltar ao normal e sai.
Volta vagarosamente para a cadeira onde estivera deitada. O líquido escorre por seu corpo, as gotas como pequenos cristais que brilham ao refletir a claridade da lua. A camiseta molhada gruda-se ao seu corpo como uma outra pele. Suspira com calma, num estado de beatitude.
A não ser pelo discreto barulho da água ainda em movimento, o silêncio voltou a tomar conta da sua noite. Foi um ritual solitário, sem testemunhas, de uma generosidade encenada para a própria alma. Assim são os anjos.

[osair de sousa]

Comentários

Anônimo disse…
Só consegui me lembrar dessa música...escute vale a pena

então ficamos
minha alma e eu
olhando o corpo teu
sem entender
como é que a alma entra nessa história
afinal o amor é tão carnal
eu bem que tento
tento entender
mas a minha alma não quer nem saber
só quer entrar em você

beijos soprados no vento
Mauro Andriole disse…
A palavra vadia vaga ...vasculha...subverte as nossas entranhas, que são apenas o que na aparência sabemos ser entranhas, vadios vagando internos nas palavras da Alma.

Abraços