Amantes

É no seu corpo que ele se perde: sem nome, sem palavras, frágil na sua força de amante. Perdido, se sente feliz e crê, entre seus seios e coxas, ser infinito, imortal. No seu desvairio, ela é o seu porto seguro, onde ele atraca seu prazer e morre a cada gozo – morte e imortalidade, perdição e reencontro. Ela rouba-lhe a vida e a dispõe ao seu jeito e forma, dando-lhe a certeza de não ser sem que ela lhe seja.

Amam-se, mas ele não a pode ter, ela jamais ficará com ele; pertence ao seu presente, ao agora e nada mais. O choro brando, as lágrimas sutis que lhes escapa dos belos olhos, ela as dedica ao amor imensurável que arremete do seu peito e explode na sensualidade de seu corpo quente e ávido dos prazeres que ele lhe proporciona. Amam-se uma tarde inteira e no silêncio do anoitecer, ele tateia as mãos fortes e trêmulas por toda a parte de seu corpo, guarda as sensações de cada ponto e instante, e chora. Chora sua frágil condição de homem que depende dela, apenas dela, para se sentir vivo e eterno.

Separam-se, enfim. Ela vai para o seu mundo áspero, rude e sem sentido, onde, dia após dia, espera um amor plausível. Ele vagueia pela cidade à espera de uma outra tarde, para se encontrar naquela que o faz se perder.

[osair de sousa]

Comentários

Anônimo disse…
Osair, poeta querido!
Que crônica linda, mas tão triste, tão plena de vazios, de incertezas, de "falta de amanhã"...
Ainda bem que existem algumas tardes em que a plenitude de amor, fazem esquecer o momento seguinte!

Bom ler o que vc escreve!
Bom sentir esses sentimentos através das suas palavras...a gente acaba vivendo um pouco o sentimento de cada personagem.

Sou sua fã!
Um abraço forte!
Edna
Unknown disse…
que bela abordagem ao amor pago e pagão...uma das mais belas que li...


sempre bom ler vc..
saudade e bijo
Anônimo disse…
Como vc escreve bem! Adoro contos, poemas, poesias. Eu me perco neles, mas também, e não raramente, me encontro.
Um abraço carinhoso

Lenildes.
Anônimo disse…
Sou suspeito em comentar o que você escreve, por isso apenas admiro...admiro...admiro.
Anônimo disse…
Eu sempre me embriago no cálice dos seus anseios, que são tão meus, que me perco em suas palavras...
As minhas se ocultaram no meu interior, presas aos sonhos e desejos que não pude realizar...
Vivendo dia após dia, me proibindo de sonhar...mas a alma não se cala, e se expande em lagrimas quentes que percorrem a face, que já não mais oculta a minha solidão...
Viver comigo mesma é delicia, mas viver e não viver mesmo que por momentos a magia do sentir, é o mesmo que não viver...
E você me fez sentir, mesmo a distancia, eu senti...e agradeço tais momentos mágicos e tão reais, que percebi que ilusão foi o que vivi até então...
Te mando beijos em forma de brisa perfumada, a lhe tocar a pele...
Anônimo disse…
Oi, passei para te deixar um beijo!
amo vc
Anônimo disse…
Cara, Voce escreve muito bem. Adoro esta linha literaria e adorei todos os textos e poemas que li ate agora. Vou vir sempre ler mais.
Alias, se vc e de Goiania, visite uma associacao a qual participo: Lavourartes, penso que vai gostar pois la se envontram pessoas de todas as classes sociais e de varios seguimentos artisticos e de todos os niveis literarios. Vamos ter uma reuniao dia 8 de julho na praca universitaria , no museu antropologico da UFG, as 16 horas. Quando chegar pode entrar sem problemas e diga que fui eu, Jacqueline que o convidou. Vou estar la.
Desculpe-me a escrita, mas meu teclado esta desconfigurado.
Parabens