Banquete de agosto

Denso e quente o ar,
Cinza de fuligens revoltas
Elevadas em sinuosa dança
No banquete de agosto.
O ressecado tapete
Que veste o cerrado,
Arde em chamas vivas
Da queimada inclemente;
O ventre da terra clama
A semente do inverno,
Enquanto os dias se perdem
Em lenta e abafada agonia.

A vida morre aparente;
Cinza, carvão, poeira, ar,
Caminhos vermelhos, tempo,
Quadra de cura inexorável.
Pesado e cinzento o dia parte;
Que a chuva ressuscitará, sempre,
No sucessivo caminho cercado
Pela marca das queimadas.

[osair de Sousa]

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