
Para Maria
Aqui me encontro para plantar sementes.
Trago melodias inventadas no suor,
paixões atribuladas, cheiros, peles, beijos
e muita sede de sorrisos espontâneos.
Se pudesse, a cidade seria um grande quintal,
com cirandas de roda ao joeirar o trigo
junto a quem vibra num jeito vadio de amar,
brindando nossos copos de vinho
na vindima da alegria.
Estou aqui e quero que venha comigo
tudo que possui alma criança e prostituta,
alforriado dos cárceres e de inquisições
para remover os oratórios austeros
e semear em fartura a veia ardente da vida.
Se pudesse, os campos, cerrados e as serras,
(qualquer canto), seriam floridos, alegres,
com rituais de corpos que dançariam
ao prazer dos cios.
Aqui estou em contraponto melódico
semeando meus sonhos e utopias.
Se pudesse, este poema deportaria
angústias e supria a lacuna vil
com a beleza apaziguadora
dos que sabem da felicidade,
essa companheira ideal.
Vim plantar e colher o que, brotado,
essa fome saciar.
Aqui me encontro, nem demônio nem santo,
apenas um plantador de sonhos
que acredita, que se rebela e não descansa,
mesmo que, quando a noite vinda,
sabe que nada pode fazer, chora e adormece
para acordar no novo dia de batalha:
a esperança sempre estará no ar.
isso eu posso, na minha alma, meu quintal,
acreditar, acreditar.
[osair de sousa]
Comentários
Te beijo
Abraços do irmão em letras,
Luiz.
Um plantador de sonhos
é um anjo
que irradia tanta luz,
que você já não consegue
visualizá-lo,
por isso ele
precisa escrever,
para deixar pegadas,
rastros,
para nossos olhos verem
e nossos corações,
humildes, gratos,
acreditarem.
E então você acredita...
Você acredita... (Maria)
Sem palavras poeta, sem palavras.
E como fiquei emocionada nem disse obrigada. Então digo agora com este poema.
A noite é a casa do Poeta
Na noite
vaga o poeta
sua amada
à procurar,
no vento
grita seu amor,
faz na brisa
sua dor chorar,
por viver longe,
tão distante,
da musa,
da lua,
da flor,
da mulher,
estrela-menina,
que no jardim
encontrou...
a noite é
a casa do poeta,
a estrela,
a flor,
do poema a rima,
a lua tímida
forma os versos,
e a mulher,
a alma da poesia.
Maria
Com carinho para você poeta e sua musa.
A musa e o poeta
Cruzei a noite, silenciosa,
pensativa sobre o dia,
murmurou-me a alma consolada:
- A tormenta passou, agora sorria.
Vem comigo nesta manhã
sentir o perfume das trilhas
do jardim dos encantados
ali flui a vida, que maravilha.
Vem, vamos para a floresta,
na orla da mata cavalgar,
de mãos dadas, enamorados,
e com a alma a cantarolar.
O coração está liberto
dos laços que o prendiam
livre, solto, qual potro azul
a voar nas pradarias.
E na cúpula azul do céu
voemos juntos, anjos alados,
livres da dor e da culpa,
de que amar seria pecado.
Vem, meu anjo, agora é a hora
tão esperada, a hora dileta,
de cantar ao mundo o belo amor,
que sentem a musa e o poeta.
Maria