As noites no quintal

No quintal da minha casa tem samambaias
que exultam murmúrios,
melodias atonais,
nas noites dos desatinados amores;
incidem na sincronia de nossas oscilações,
corpos em suadas atividades atávicas,
gemidos entremeados com pausas arfantes
musicadas pela delícia do gozo.
Ainda tem um gato sobre o telhado
sempre observando pela janela aberta,
estático, olhos reluzentes,
que mia, quando dos seus gritos agudos
pela eminência do auge,
o prazer culminante.
No quintal tem lua cheia prateada
que clareia a noite profanada
pelos achegos sôfregos;
ainda que repousem inocentes
aqueles que dormem,
sonham com o quintal de minha casa,
com samambaias dissonantes,
um gato vigilante
e, com a lua, parceira eterna dos amantes.

Osair de Sousa

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