faço anotações num velho caderno de aspirais aramada;
anoto os frenesis dos corpos suados e da alma saciada,
decifro em garatujos apressados, seus trejeitos,
a sinuosidade do seu corpo desvairado em prazeres,
prazeres que não há como adicionar nas páginas amareladas
pois são as linhas inacessíveis dos seus sentidos profundos.
o roto caderno já quase se desfaz;
manchas de lágrimas, marcas de borracha
pois houve momentos de revisões,
nos instantes amargos e solitários
quando a esperança ia vadiar
em sua companhia nesse vasto palco
que é a vida em nossos desencontros.
há marcas de suor dos dedos, mãos,
e tantas outras, indeléveis nas entrelinhas
que só o amor sabe anotar sem notarmos,
e delatam a proximidade do beijo dado,
a fusão dos gozos inexauríveis, loucos
tão fantásticos como só a loucura é capaz.
faço anotações nesse meu velho caderno, incansavelmente,
até que ele se desfaça, puído pelo tempo que dura o amor;
e um dia plangido meu pranto, do nosso encantado prazer
perdido no tempo vivido, na velhice que tudo alcança
sem nenhum desplante, fará da lembrança enfumaçada
a única anotação válida na cínica comédia do humano.
Osair de Sousa
anoto os frenesis dos corpos suados e da alma saciada,
decifro em garatujos apressados, seus trejeitos,
a sinuosidade do seu corpo desvairado em prazeres,
prazeres que não há como adicionar nas páginas amareladas
pois são as linhas inacessíveis dos seus sentidos profundos.
o roto caderno já quase se desfaz;
manchas de lágrimas, marcas de borracha
pois houve momentos de revisões,
nos instantes amargos e solitários
quando a esperança ia vadiar
em sua companhia nesse vasto palco
que é a vida em nossos desencontros.
há marcas de suor dos dedos, mãos,
e tantas outras, indeléveis nas entrelinhas
que só o amor sabe anotar sem notarmos,
e delatam a proximidade do beijo dado,
a fusão dos gozos inexauríveis, loucos
tão fantásticos como só a loucura é capaz.
faço anotações nesse meu velho caderno, incansavelmente,
até que ele se desfaça, puído pelo tempo que dura o amor;
e um dia plangido meu pranto, do nosso encantado prazer
perdido no tempo vivido, na velhice que tudo alcança
sem nenhum desplante, fará da lembrança enfumaçada
a única anotação válida na cínica comédia do humano.
Osair de Sousa
Comentários
Lara